sábado, 23 de julho de 2011

Joy Division

Em apenas quatro anos, Ian Curtis (vocal), Bernard Sumner (guitarra e teclados), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) deram à música uma de suas mais cultuadas bandas, o Joy Division.
O documentário homônimo de Grant Gee, diretor egresso dos videoclipes, apresenta um relato cronológico da criação do grupo - originalmente batizado "Warsaw" - desde 1976. Aliás, começa um pouco antes, ambientando a audiência na decadente Manchester, cidade industrial inglesa e berço do Joy Division.
O documentarista compara a revitalização cultural promovida pelo punk, o rock e o pós-punk inglês, à cidade, dando a entender que a energia gerada na época pelos jovens músicos deu a injeção necessária a Manchester para que ela saísse de seu estado de letargia e se tornasse a "Madchester" como ficou conhecida.
O documentário Joy Division consegue abordar vários aspectos da carreira da banda, não se concentrando apenas nos dois relacionamentos amorosos do músico ou sua epilepsia. A preocupação de Gee é absolutamente criativa - focada no processo de construção dos dois - e importantíssimos - álbuns do grupo: Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980).
O filme é pontuado por relatos, geralmente bem-humorados, dos antigos membros da banda - e fundadores do New Order -, além de outras pessoas importantes em sua história. Faltou apenas a viúva de Curtis, Deborah, representada por citações de seu livro. Entre os momentos mais marcantes está o tragicômico comentário/confissão de Bernard Sumner que eles deviam ter notado o comportamento do músico, que cometeu suicídio antes mesmo do lançamento do segundo disco. Em linhas gerais ele diz que simplesmente ninguém estava prestando atenção - e sequer entendiam as letras das canções de Curtis, verdadeiro mapa para seu estado mental.
É um tanto óbvio afirmar que o filme é indispensável para fãs do influente grupo ou do pós-punk. Mais que isso, porém, é um documentário que precisa ser visto por qualquer um interessado em processos criativos. Todo o segmento sobre o design das capas dos dois discos chega a doer nos saudosistas como eu, cuja relação com a música digital e sua praticidade "fast food" não é das melhores. Era uma época em que a música era uma arte mais honesta, afinal, e precisava ser embalada como tal.

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