O Mudhoney é um grupo de sobreviventes. Passaram pelas drogas, por uma major, e pelo circo da MTV. Criaram e mataram o grunge, mesmo em seu auge, lançando uma música que dizia "Everybody loves us / Everybody loves our town / That's why I'm thinkin' lately / Time for leavin' is now" na trilha do filme que capitalizou o estilo de forma mais oportunista, o "Singles". Eram punks a seu modo, como o Nirvana foi. Se venderam na hora certa e souberam ser descartados sem expirar a validade. Não fizeram concessões, mas também não cagaram regra pra ninguém. São peça essencial na história do rock contemporâneo, um dos grandes dos anos 1990, em espirito ao menos, já que nunca enriqueceram e nem fizeram tours de reunião. São caras normais. Roqueiros, como eu e você, que nunca tiveram medo de pisar em um big muff, nem em um superfuzz, e que assim foram um dos nomes mais importantes do que vieram a chamar de grunge. Ou algo parecido com isso.
"I'm Now" é a história do Mudhoney, desde as épocas do Green River até os dias de hoje, onde tudo dito acima é explicado de forma clara e transparente. Mega transparente aliás. A banda é de uma sinceridade constrangedora, e como de praxe, não se intimida nem cai nas armadilhas fáceis do mercado, lançando um doc que não romantiza nada, só mostra como caras íntegros podem amar o que fazem, com selvageria e verdade ímpares.
Incriveis imagens de arquivo, historietas divertidas e uma espantosa humildades, guiam toda a história do grupo e filme. Pra quem é fã, se apaixonar ainda mais, e pra quem não conhece, servir como uma aula do tal punk ethos. E não sou só eu que digo isso, gente como a turma do Sonic Youth, do Pearl Jam e Keith Morris (OFF!/Circle Jerks) me dão razão em depoimentos no filme.
O Mudhoney continua por ai, vem ao Brasil em breve inclusive. No palco a coisa é quente. Durante a semana Mike Arm é só o cara que embala discos nos estoques da Sub Pop, E é talvez por isso que sou seu fã
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